Sunday, September 17, 2006

ANGU À MODA DE DALI

Ah, como foi fácil abrir os olhos, ficar de joelhos e estalar artelhos dentro da redoma. Quis um cafuné despido de razão para comer com pão no café da manhã. Mas não estava são, como nunca estarei. Apenas maldizia em compasso de espera.
A cara metade a léguas daqui. A cara metida em downloads de lá. Entra o descanso de tela, despluga o fio de raciocínio que coitadinho se insinua a vir a ser alguma coisa. Vou escrevendo sem mãos a medir nem pés a amparar, mesmo sabendo que nada restará que se aproveite, exceto o jasmim exalado de uma ou outra consoante. Branca, linda, sem serifas que machuquem. Cai flutuando no texto e deixa-se ficar. Que nada, quimera, que sina, pintassilgos de resina nessa piscina de esperanto. Regrido pros idos da pedra lascada, desvãos, lodos e escaninhos por toda a inadequada geografia. Acesso de riso à entrada da estrada lacrada com pasta de amendoim e raspas de misericórdia. Mas de repente tudo passa a destoar de Dostoievski. Cubro com a mortalha o corpo da vida. Pois é, nem deu tempo de avisar todo mundo, mas o fato é que a vida acabou de morrer com um terno sorriso nos lábios. Incensa e chora, lamenta e geme que ela já era. Espana, gira em falso. Espanha, falsos Mirós. Vejo carradas de mouses de esgoto a farejarem rotos e a soltarem arrotos sobre outros ratos. Enquanto isso, há milhares de lousas à espera dos gizes e mulheres lusas ainda quentes, moídas por engano na bacalhoada. Uma soneca no vinco do teu jeans, sob o embalo cômodo de Brothers in Arms. Sem mais delongas, estimo melhoras.