Sunday, July 23, 2006

SEM COMENTÁRIOS

Li recentemente que 75.000 novos blogs são criados ao dia. O que significa dizer que, se até hoje você não tem um, amanhã provavelmente terá. Nem que seja só um álbum de fotos do batizado do seu pimpolho.

Mas se sobram blogs, faltam comentários. Pelo menos no meu. Após meses de postagens, o saldo de mensagens no meu sitiozinho virtual era desolador: um da minha irmã, um da minha sobrinha (ambos altamente suspeitos), um de colega de trabalho e um do meu querido Clóvis Vieira, jornalista de “O Município”.

Quando estes poucos comentários chegaram, deu aquele frio na barriga. Quem terá enviado? Será que é elogio ou alguém descendo o sarrafo?
Se fosse alguma coisa muito desabonadora, eu ia querer tirar. Mas aí seria censura. Estaria omitindo as talvez merecidas descomposturas para deixar só os afagos. Já pensou, atacar de editor de comentários? Seria muita trapaça.

Melhor então deixar sem a opção de comentar. E foi o que fiz. Entrei nas configurações do bichinho e desabilitei os palpites. Ótimo. Agora a porcaria do blog virou depósito de textos. Um contra-senso, já que a graça do blog é justamente a interatividade com o visitante. Mas fazer o quê, ninguém queria interagir comigo. O que era pra ser diálogo virou monólogo e estamos conversados. Quer dizer, não estamos.
Quem quer deixar um comentário deve achar antipática essa não-abertura à avaliação alheia. Mas tenho cá minhas razões, e a principal delas é que estava pegando mal. Onde é que já se viu um blog tão sem comentários assim?

Coisa mais frustrante ver aquele “0 comments” embaixo de dezenas de textos, cada um deles clamando por um comentarista de plantão!!!

Opinião mesmo, só de boca. Amigos e parentes dizendo que tinham acessado o blog e achado muito bonitinho, uma graça. Todos com a mesma história: “Olha, não deu tempo de ler tudo, mas os dois ou três textos que li já valeram a visita. Parabéns, continue firme”. Mas comentário por escrito, nada. Pô, uma linhazinha já estava bom. Um “oi”, um “passei por aqui e prometo voltar”, um “valeu” básico. A impressão que dava é que faltava disposição pra deixar lá o que quer que fosse. Outra explicação possível é que os comentários, uma vez postados, tornam-se públicos, tanto quanto o texto comentado. Muita gente pode acessar e ler, e o nosso comentarista de repente não quer deixar rastros...

Melhor sorte têm os ilustres, as celebridades que estão na blogosfera. O figurão postou o texto e meia hora depois já está até o pescoço de comentários, do Brasil inteiro. É que aí a coisa é diferente. Ter a oportunidade de deixar seu recado no blog de um famoso é status, quem ler pode achar que o palpiteiro é íntimo do autor. Na remota hipótese da mensagem ser uma raspança, o fã-clube do distinto instantaneamente se encarregará de lavrar um comentário-réplica, dando um “cala-boca” no desaforado.

Isto posto (ou seria postado?), vamos combinar o seguinte: fique à vontade pra percorrer as mal-traçadas do meu blog. Mas para louvações ou porradas, mande um e-mail. Prometo responder a todos. msguassabia@yahoo.com.br