DIÓGENES CAPISTRANO MATOS
Aos 41, assassinado. Enquanto a orquestra tocava o trecho “Vou beijar-te agora e não me leve a mal, hoje é carnaval”, o folião agarrou no meio do salão uma mulher casada. A mulher até que não levou a mal. Quem levou a mal mesmo foi o marido, que o transformou em cinzas antes da quarta-feira.
JOSÉ DIAS P. RIBEIRO (ZEZÉ)
Aos 24, de mal súbito, quando ia cortar o cabelo. Conhecidos alegam que a causa mortis foi desgosto, devido a insinuações sobre sua suposta homossexualidade, que vem de outros carnavais (não a homossexualidade, mas as insinuações).
ARNESTO RUBINATO
Aos 59, de suicídio. Antes de matar-se escreveu um bilhete para a mulher, que dizia “Não posso ficar nem mais um minuto com você”. Foi enterrado às onze, no cemitério do Jaçanã. Deixou saudosa a maloca.
CAMÉLIA DA CRUZ
Aos 78, de fraturas múltiplas. A vítima caiu do galho, deu dois suspiros e depois morreu. Deixa marido, filhos, sobrinhos, netos e uma amiga inconsolável, a jardineira.
GENERAL ANTONIO FELISBINO DE ANDRADE
Aos 67, a serviço da pátria. Após combater heroicamente numa batalha de confete, foi encontrado na sarjeta com a boca cheia do produto. Sepultado com honras militares, teve seu caixão envolto por uma bandeira branca.
PEDRO SILVESTRE RONQUIN
Aos 60, mordido por uma serpentina venenosa. Enfermeiros tentaram reanimá-lo com a inalação de um aromatizador de ambientes, sem sucesso.
JOVALDO ROSSETTO (VULGO DUM-DUM)
Aos 28, atropelado por um carro alegórico na dispersão do desfile das escolas do grupo especial. O indivíduo veio a óbito após confusão causada por uma briga feia entre o Rei Momo e a Terça-Feira Gorda.
CHIQUITA BACANA
Aos 66, de tombo. Testemunhas afirmam tê-la visto escorregando numa casca de banana nanica.
ANDRÉ FERREIRA VASQUEZ
Aos 97, queimado. Seu coração amanheceu pegando fogo, fogo, fogo! O corpo de bombeiros foi acionado, porém o moribundo não teve tempo de ver a Mangueira entrar.
RUBIÃO VICENTE DE RAMOS VEIGA
Aos 70, vítima de assalto. Ao ouvir o bandido dizer: “Ei, você aí, me dá um dinheiro aí!”, ele teria respondido que não ia dar, não ia dar não. Deu no que deu.
GEORGE BUSH
Aos 61, enforcado em um cordão de foliões. Para decepção dos populares que cercavam o corpo, constatou-se que se tratava de um desconhecido com uma máscara do Bush, comprada na rodoviária. Foi enterrado como indigente.
TATIANA NEVSKY
Aos 4, de inanição, na matinê infantil. A garotinha gritava “Mamãe, eu quero mamar”, mas a genitora, empolgada com o ziriguidum, não conseguia ouvir seus berros.
DENIVALDO GALVÃO DE MORAES ANTIBES
Aos 35, de hemorragia. Foi atingido por um bloco, enquanto sambava próximo a uma obra. Entre os componentes do bloco foram encontrados areia, cimento, pedra e ferro. Detidos para averiguações, todos negaram veementemente qualquer envolvimento com o caso.
JOÃOZINHO
Aos 30, bicado por um beija-flor.